domingo, 12 de outubro de 2014

Para aqueles que são imprescindíveis




Para aqueles que são imprescindíveis


Quantos esforços!
Todos os dias, todas as horas
Sábado, domingo, noite, madrugada
Às vezes sorrindo, às vezes chorando, às vezes...
Sei lá foram tantas vezes
Tantos sonhos...

E esses meninos e meninas que crescem,
se vão?
O que será que fica?
O que será vai?

Quem não se lembra de uma aula,
de uma professora,
de uma escola,
da diretora?
E da sopa no recreio?
Quem é que não se lembra?

Quem passou por você?
Quem passou por mim?
Por quem vamos passar?


Antropofagia do saber, da cultura, do conhecimento.

Eu me alimento dos que passaram por mim
E estes pequenos, se alimentam de nós que passamos por eles.
Nossos antepassados acreditaram e nós cumprimos parte de seus sonhos.
Nossos netos cumprirão os nossos?

Nossa história é feita de gente que luta e sonha.
Esses são imprescindíveis!

Você é assim?
Sei que é.
Te vejo correndo, construindo,
os olhos fixos em cada novo passo.

Quem não se lembra?
Quem se lembrará?
Não importa!

Não fazemos pra sermos lembrados.
Fazemos porque acreditamos,
Na dúvida, na certeza?
Há sempre algo de incerto no previsível.

Naquele que educa,
 há uma profunda vontade de acertar.
Mas há também a convicção:
não se ensina sem aprender.
Isso é imprescindível!

Educação é imprescindível!
Educadores são imprescindíveis!

Quem é que não se lembra?
Quem passou por você?
Quem passou por mim?

Por quem vamos passar?
Nossa história...
Todos os dias!
O que será que fica?
O que será vai?
Não importa,

Importante é ser imprescindível!

                                                                                                                          


                                                                                                                             Para as professoras e professores  
 15.10.14
Walter Fajardo

sábado, 4 de outubro de 2014

A ideia de política e os contraditórios dos ideais democráticos


    
           Ao longo da história da humanidade as sociedades foram desenvolvendo formas de organizar-se e de viver coletivamente. A política surge buscando esse fim. Os sistemas variaram de tempos em tempos, mas foi a partir das sociedades gregas que, com as intenções de se buscar um agrupamento social que fosse mais justo e mais igualitário, se pôde desenvolver a  ideia de política.
O povo grego desenvolveu um sistema político que denominavam de democracia, ou seja, poder do povo. Esse sistema nem sempre foi uma realidade presente na vida política grega, entretanto foi a partir desse princípio que se desenvolveu a ideia de política, aquilo que se voltava para o bem da polis, da cidade.

No mundo contemporâneo esse pensamento se alastrou. Tornou-se um desejo geral. Acreditando-se que sem a democracia não é possível desenvolver uma política igualitária. A pólis precisa ser integrada às vontades das pessoas que vivem nela. Quando isso não acontece afirma-se que a política não está de acordo com os princípios participativos e democráticos.

Essa ideia, entretanto não é tão real quanto parece. A democracia, se por um lado é a meta da sociedade contemporânea, é também o contraditório dela. As desigualdades sociais e a concentração de riqueza, tanto dentro das nações como também entre elas, é um elemento impeditivo da democracia.

Neste sentido então, ao mesmo tempo em que se prega uma política democrática, foge-se dela quando os meios tornam-se discrepante em relação ao fim. Sem participação não há democracia e sem democracia não há participação. Para que essa dinâmica se efetue é necessário que as decisões não sejam tomadas apensas por uma parte, pois dificilmente essa parte entenderá a necessidade do todo. No entanto, para que todos participem, é fundamental que as condições que favoreçam essa participação sejam iguais. Aqui é que reina o contraditório entre o discurso da política democrática e as verdadeiras intenções de torná-la possível.

Numa sociedade com excessiva discrepância de riquezas, com centralidade de poder e impossibilidade de participação igualitária, a política continuará menos democrática e menos participativa. O que, portanto, faz do sonho grego uma hipótese possível, mas pouco factível, pelo menos nas condições em que o mundo se encontra.