sábado, 4 de outubro de 2014

A ideia de política e os contraditórios dos ideais democráticos


    
           Ao longo da história da humanidade as sociedades foram desenvolvendo formas de organizar-se e de viver coletivamente. A política surge buscando esse fim. Os sistemas variaram de tempos em tempos, mas foi a partir das sociedades gregas que, com as intenções de se buscar um agrupamento social que fosse mais justo e mais igualitário, se pôde desenvolver a  ideia de política.
O povo grego desenvolveu um sistema político que denominavam de democracia, ou seja, poder do povo. Esse sistema nem sempre foi uma realidade presente na vida política grega, entretanto foi a partir desse princípio que se desenvolveu a ideia de política, aquilo que se voltava para o bem da polis, da cidade.

No mundo contemporâneo esse pensamento se alastrou. Tornou-se um desejo geral. Acreditando-se que sem a democracia não é possível desenvolver uma política igualitária. A pólis precisa ser integrada às vontades das pessoas que vivem nela. Quando isso não acontece afirma-se que a política não está de acordo com os princípios participativos e democráticos.

Essa ideia, entretanto não é tão real quanto parece. A democracia, se por um lado é a meta da sociedade contemporânea, é também o contraditório dela. As desigualdades sociais e a concentração de riqueza, tanto dentro das nações como também entre elas, é um elemento impeditivo da democracia.

Neste sentido então, ao mesmo tempo em que se prega uma política democrática, foge-se dela quando os meios tornam-se discrepante em relação ao fim. Sem participação não há democracia e sem democracia não há participação. Para que essa dinâmica se efetue é necessário que as decisões não sejam tomadas apensas por uma parte, pois dificilmente essa parte entenderá a necessidade do todo. No entanto, para que todos participem, é fundamental que as condições que favoreçam essa participação sejam iguais. Aqui é que reina o contraditório entre o discurso da política democrática e as verdadeiras intenções de torná-la possível.

Numa sociedade com excessiva discrepância de riquezas, com centralidade de poder e impossibilidade de participação igualitária, a política continuará menos democrática e menos participativa. O que, portanto, faz do sonho grego uma hipótese possível, mas pouco factível, pelo menos nas condições em que o mundo se encontra.