segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O sentimento de reciprocidade como equívoco da prática moral


        A ação moral que se vincula a um retorno que possa haver em função dessa prática não tem profundidade ética. O exercício da equidade e da honestidade com olhar na gratidão alheia (social ou espiritual) tem baixa dimensão ética. A realização de atos nessa direção fica limitada pela necessidade da gratidão ou pela esperança de ação recíproca.
No ético não há reciprocidade. O que ocorre no fazer ético é um nivelamento superior da generosidade. O indivíduo exerce seus valores morais, não para que haja uma possível retribuição do que foi realizado, mas porque essas ações são formas de favorecer o outro, de superação da própria vaidade, do egoísmo e da soberba.
A eticidade, além da do bem social que lhe é próprio, possui também um caráter educativo. É um aprendizado que se estende do individuo que age para suas relações familiares, seus grupos sociais e, quiçá, para toda sociedade.
Se há algum benefício pessoal na prática ética, certamente não está na reciprocidade nem no reconhecimento por parte do outro, está na possível sensação de uma maior proximidade da paz interior por ter-se tentado dar o melhor de si. Só isso!

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