domingo, 24 de março de 2013

ARTIGO: Violência na escola e as ações efetivas para uma consciência em favor da paz


Violência na escola e as ações efetivas para uma consciência em favor da paz

A discussão sobre violência na escola é complexa, pois envolve vários aspectos da vida social. A violência não surge simplesmente por conflituosas relações entre professores e alunos ou entre a escola e estudantes, ou ainda entre os próprios estudantes ou entre eles e seus familiares. Há vários fatores que influenciam na intensificação da violência, assim com há várias formas de sua manifestação.
Há manifestações que são objetivas e visíveis que, mesmo sendo difícil de se combater, é possível verificar seu foco e interferir no seu processo, identificando a gênese ou os motivo mais relevantes de seu surgimento.
Essas violências são demonstradas diariamente nos meios de comunicação, diríamos que até de forma extravagante. Porém há uma outra dimensão de violência que “corre por baixo”, é invisível aos olhos comuns, não perceptíveis nas aparentes relações solidárias das sociedades e em particular nas escolas. É necessário uma percepção apurada e precisa para percebe-las. Essa violência talvez seja a mais perigosa, pois ela efetiva a discriminação e enraíza o preconceito de maneira “harmoniosa”, ela delimita os espaços de poder entre professor e aluno, entre escola e família e estratifica as relações no interior das instituições escolares.
A violência nos é incomoda, as vezes insuportável, por isso tem crescido o número de ações que procuram diminuir seu poder. Desta forma, quando pensamos em violência, involuntariamente nos surge a ideia de sua contraposição, e o que se contrapõe à violência é a paz, por isso tem crescido os movimentos pela paz. Mas, o que é a paz? Seria o fim da violência? Seria a convivência harmoniosa e, numa perspectiva cristã, a efetivação de uma irmandade realizadora do amor e da solidariedade fraterna?
Ora, se a violência, de alguma forma, é a presença da intolerância, do desrespeito à convivência democrática das diferenças e, por conseguinte, da falta de diálogo, podemos pensar que uma situação contrária a esta facilitaria as experiências de paz. Assim chegamos a subjetividade da paz. A paz não é uma coisa, assim como a violência também não o é. A paz é uma possibilidade, uma situação dialogal onde se privilegia o entendimento, portanto quando o diálogo é desprezado a intolerância e a violência se revigoram.
Notamos então que a violência só pode ser combatida com o diálogo e com a efetivação democrática das relações. A isso, no que se refere à sociedade, denominamos cidadania. Aprimorando-se tais percepções facilita-se a identificação de discursos demagógicos e fortalecem-se as intenções que priorizam convivências em favor da cidadania.
Uma educação que combate a violência, privilegia o diálogo, efetiva projetos que intensificam tal possibilidade. Por isso não é fácil, pois falar tanto de violência como de paz, implica em destituir castas de poder que se efetivaram ao longo de toda nossa história, significa desfazermos de poderes que se impregnaram no âmago de nossas vidas, micropoderes que se manifestam nas mais intimas relações e que se dissipam por todos os níveis das relações de toda e qualquer sociedade contemporânea.
Um projeto de combate à violência na escola tem que envolver professores, alunos, funcionários e familiares numa ampla discussão sobre as maneiras de violência que se manifestam na sociedade, nos colégios e nos lares. Procurando destacar principalmente aquela violência que se esconde aos nossos olhos, aprofundando a reflexão sobre os papeis de cada um na construção de relações que favoreçam o diálogo e a convivência pacífica.
Várias escolas têm adotado trabalhos similares fazendo palestras para pais, debates com professores, alunos e sociedade, organizando encontros da comunidade com autoridades policiais, civis e políticas. Debatendo os principais aspectos da violência nos vários setores da vida social: violência nos lares, contra as crianças, contra as mulheres, contra os índios, os negros e demais grupos sociais ou minorias étnicas.
A experiência pode ser muito enriquecedora. É certo que tais ações não diminuem os índices de violência. Mesmo porque não é possível efetivar projetos dessa proporção em ações isoladas ou restritas a uma escola. Entretanto, ao levantarmos a discussão e despertarmos em nossa comunidade, em nossos alunos, em nossos professores e em nós mesmo a consciência de que a violência se potencializa quando o diálogo é desprestigiado, se conseguirmos fazer com que essas pessoas reflitam sobre suas ações e seus compromissos na efetivação de uma sociedade solidária, na busca de um estado de paz, cumprimos nosso papel de educadores e efetivamos o compromisso que toda escola tem com a formação e a educação para a cidadania e para a democracia.
Afinal, educar é um ato que sempre visa o futuro, ninguém educa para hoje. O passado e o presente são os instrumentos que o educador tem na edificação da sociedade que ele, de forma apriorística, já elaborou dentro de si.


2 comentários:

  1. Olá Walter,
    Parabéns pelo artigo. Gostei do conteúdo e bastante relevante.
    Continue com o bom trabalho.

    André Quintão - websegura.blog.br

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  2. muito bom o artigo com conteúdo de peso, visto que sociedade banaliza o fato!

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