Violência na escola e as ações efetivas para uma
consciência em favor da paz
A discussão sobre violência na escola é complexa,
pois envolve vários aspectos da vida social. A violência não surge simplesmente
por conflituosas relações entre professores e alunos ou entre a escola e
estudantes, ou ainda entre os próprios estudantes ou entre eles e seus
familiares. Há vários fatores que influenciam na intensificação da violência,
assim com há várias formas de sua manifestação.
Há manifestações que são objetivas e visíveis que,
mesmo sendo difícil de se combater, é possível verificar seu foco e interferir
no seu processo, identificando a gênese ou os motivo mais relevantes de seu
surgimento.
Essas violências são demonstradas diariamente nos
meios de comunicação, diríamos que até de forma extravagante. Porém há uma
outra dimensão de violência que “corre por baixo”, é invisível aos olhos
comuns, não perceptíveis nas aparentes relações solidárias das sociedades e em
particular nas escolas. É necessário uma percepção apurada e precisa para
percebe-las. Essa violência talvez seja a mais perigosa, pois ela efetiva a
discriminação e enraíza o preconceito de maneira “harmoniosa”, ela delimita os
espaços de poder entre professor e aluno, entre escola e família e estratifica
as relações no interior das instituições escolares.
A violência nos é incomoda, as vezes insuportável,
por isso tem crescido o número de ações que procuram diminuir seu poder. Desta
forma, quando pensamos em violência, involuntariamente nos surge a ideia de sua
contraposição, e o que se contrapõe à violência é a paz, por isso tem crescido
os movimentos pela paz. Mas, o que é a paz? Seria o fim da violência? Seria a
convivência harmoniosa e, numa perspectiva cristã, a efetivação de uma
irmandade realizadora do amor e da solidariedade fraterna?
Ora, se a violência, de alguma forma, é a presença
da intolerância, do desrespeito à convivência democrática das diferenças e, por
conseguinte, da falta de diálogo, podemos pensar que uma situação contrária a
esta facilitaria as experiências de paz. Assim chegamos a subjetividade da paz.
A paz não é uma coisa, assim como a violência também não o é. A paz é uma
possibilidade, uma situação dialogal onde se privilegia o entendimento,
portanto quando o diálogo é desprezado a intolerância e a violência se
revigoram.
Notamos então que a violência só pode ser combatida
com o diálogo e com a efetivação democrática das relações. A isso, no que se
refere à sociedade, denominamos cidadania. Aprimorando-se tais percepções
facilita-se a identificação de discursos demagógicos e fortalecem-se as
intenções que priorizam convivências em favor da cidadania.
Uma educação que combate a violência, privilegia o
diálogo, efetiva projetos que intensificam tal possibilidade. Por isso não é
fácil, pois falar tanto de violência como de paz, implica em destituir castas
de poder que se efetivaram ao longo de toda nossa história, significa
desfazermos de poderes que se impregnaram no âmago de nossas vidas,
micropoderes que se manifestam nas mais intimas relações e que se dissipam por
todos os níveis das relações de toda e qualquer sociedade contemporânea.
Um projeto de combate à violência na escola tem que
envolver professores, alunos, funcionários e familiares numa ampla discussão
sobre as maneiras de violência que se manifestam na sociedade, nos colégios e
nos lares. Procurando destacar principalmente aquela violência que se esconde
aos nossos olhos, aprofundando a reflexão sobre os papeis de cada um na
construção de relações que favoreçam o diálogo e a convivência pacífica.
Várias escolas têm adotado trabalhos similares
fazendo palestras para pais, debates com professores, alunos e sociedade,
organizando encontros da comunidade com autoridades policiais, civis e
políticas. Debatendo os principais aspectos da violência nos vários setores da
vida social: violência nos lares, contra as crianças, contra as mulheres,
contra os índios, os negros e demais grupos sociais ou minorias étnicas.
A experiência pode ser muito enriquecedora. É certo
que tais ações não diminuem os índices de violência. Mesmo porque não é
possível efetivar projetos dessa proporção em ações isoladas ou restritas a uma
escola. Entretanto, ao levantarmos a discussão e despertarmos em nossa
comunidade, em nossos alunos, em nossos professores e em nós mesmo a
consciência de que a violência se potencializa quando o diálogo é
desprestigiado, se conseguirmos fazer com que essas pessoas reflitam sobre suas
ações e seus compromissos na efetivação de uma sociedade solidária, na busca de
um estado de paz, cumprimos nosso papel de educadores e efetivamos o
compromisso que toda escola tem com a formação e a educação para a cidadania e
para a democracia.
Afinal, educar é um ato que sempre visa o futuro,
ninguém educa para hoje. O passado e o presente são os instrumentos que o
educador tem na edificação da sociedade que ele, de forma apriorística, já
elaborou dentro de si.
Olá Walter,
ResponderExcluirParabéns pelo artigo. Gostei do conteúdo e bastante relevante.
Continue com o bom trabalho.
André Quintão - websegura.blog.br
muito bom o artigo com conteúdo de peso, visto que sociedade banaliza o fato!
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