domingo, 24 de março de 2013

POEMA: Autotomia


Autotomia


Seus olhos comiam meus olhos
Sua boca devorava, impiedosamente, cada pedaço da minha língua
Minha voz se desfazia no seu aterrorizante olhar
A noite caía e a lua era obscurecida no temor de um estranho e negro escuro
Os pescoços grudados e unidos
entranhados: nervo a nervo, veia a veia.
E os músculos se uniam de forma tão unívoca que os corpos se quer viam-se a si mesmos
Não era sonho, nem pesadelo, nem terror, nem assombro, nem medo, nem nada
A esperança encontrava em si o espaço da sobrevivência
Tudo se fundia numa única direção.






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