Autotomia
Seus
olhos comiam meus olhos
Sua
boca devorava, impiedosamente, cada pedaço da minha língua
Minha
voz se desfazia no seu aterrorizante olhar
A
noite caía e a lua era obscurecida no temor de um estranho e negro escuro
Os
pescoços grudados e unidos
entranhados:
nervo a nervo, veia a veia.
E
os músculos se uniam de forma tão unívoca que os corpos se quer viam-se a si
mesmos
Não
era sonho, nem pesadelo, nem terror, nem assombro, nem medo, nem nada
A
esperança encontrava em si o espaço da sobrevivência
Tudo
se fundia numa única direção.
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